Depois do sindicato dos roteiristas (Writers Guild of America ou WGA) anunciar um período de greve devido a compensações financeiras e royalties, a associação representante dos atores de Hollywood (Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists, SAG-AFTRA) também anunciou uma paralisação da categoria em protesto.

De acordo com a revista Variety, as negociações entre o SAG-AFTRA e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP em inglês) foram iniciadas há mais de 4 semanas e não progrediram conforme o esperado pelo sindicato. Em comunicado liberado pela representação dos artistas, a Aliança "continua relutante em oferecer um acordo justo em pontos cruciais". No mês passado, o SAG-AFTRA decidiu por uma paralisação caso as conversas não avançassem.

Os principais pontos da negociação entre o SAG-AFTRA e a AMPTP:

Um dos principais entraves na negociação é a solicitação dos royalties por parte dos artistas. Também chamados de residuais, são os pagamentos referentes às transmissões das produções na TV. O problema gira em torno das plataformas de streaming, que até então, fornecem um valor pré-estabelecido ao invés de basear a quantia em números de audiência.

Paralisação explicita apoio entre atores e roteiristas por melhores condições. (Foto: Getty Images)

Com o contrato entre ambos os negociantes se encerrando, a paralisação começou já neste dia 13 e mescla atores e roteiristas pela primeira vez em mais de 60 anos, quando a greve foi protagonizada por figuras como Marilyn Monroe e o então líder do sindicato dos atores e futuro presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.

Posicionamentos conflitantes

A atual presidente do SAG-AFTRA, Fran Drescher, declarou à imprensa que a Aliança se "recusou a abordar alguns tópicos significantes" e que nenhum acordo será estabelecido sem que os estúdios negociem com "boa fé".

Estávamos ansiosos para chegar a um acordo que atendesse suficientemente as necessidades dos atores, mas as respostas da AMPTP às propostas mais importantes que trouxemos à mesa foram insultantes e desrespeitosas à nossa contribuição massiva para esta indústria.

Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA
Meredith Stiehm (esq.), presidente do WGA e Fran Drescher (dir.), presidente do SAG-AFTRA em manifestação em Los Angeles. (Foto: AP Photo)

Por outro lado, a AMPTP disse em nota oficial que a paralisação é "uma escolha do SAG". Em documento, a organização afirmou ter ofertado melhorias nos benefícios e pagamentos de salários e residuais, porém, de acordo com a Aliança, o Sindicato "abandonou as discussões.

Ao invés de continuar as negociações a partir desse ponto, o SAG-AFTRA nos colocou em um caminho que só vai aumentar as dificuldades financeiras de milhares de pessoas que necessitam da nossa indústria para colocar comida na mesa

AMPTP em nota oficial

Consequências da dupla paralisação

A última greve dos roteiristas aconteceu entre 2007 e 2008. Na época, o movimento durou mais de 100 dias e foi protagonizada pela migração da distribuição do conteúdo da TV para a Internet. A ocorrência resultou na paralisação de mais de 60 projetos em curso.

Os atores, por sua vez, não realizaram nenhuma greve desde a década de 1980, quando o sindicato paralisou suas ações por 3 meses durante negociação sobre valores referentes à TV por assinatura e ao lucro de fitas VHS.

Greve afeta "Oppenheimer", "Missão Impossível: Acerto de Contas - parte 1" e "Barbie", principais filmes em lançamento do momento. (Foto: Universal Pictures/Paramount Pictures/Warner Bros.

Hoje, o WGA conta com aproximadamente 11.500 membros enquanto o SAG-AFTRA possui mais de 160 mil membros. A paralisação impossibilita os atores de divulgar produções em lançamento — como Barbie de Greta Gerwig e Oppenheimer de Christopher Nolan — em premières, coletivas de imprensa, entrevistas e eventos. Além disso, múltiplas produções de grande orçamento estão sendo adiadas, como Homem-Aranha: Além do Aranhaverso, House of the Dragon, Stranger Things, Batman 2, entre outros.