Das muitas reações positivas a X-Men '97, a que mais chama atenção destaca que será muito difícil introduzir os mutantes no MCU após o acerto de abordagem da série revival. Mas será mesmo que isso é verdade?
Na verdade, pode ser o contrário e X-Men '97 pode ter muito a ensinar ao MCU para ter sucesso com o grupo de heróis.
Quando você adapta quadrinhos para os cinemas, tem como benefício estar lidando com uma biblioteca de conceitos já estabelecidos, cujos sentimentos reativos do público-alvo já são conhecidos. E agora a série ainda pode servir de bússola.
Um bom caminho para começar a desenvolver uma história sobre esses personagens é se perguntar: por que os X-Men são tão populares?
Os visuais e as artes clássicas de ação são muito chamativos para um público de fora do mundo dos quadrinhos, mas a essência dos mutantes está no fato de eles representarem os "excluídos".
Em X-Men, os leitores não identificados com a causa da obra são convidados a olhar para essas pessoas sob uma nova ótica, e os que fazem parte desse grupo, não apenas se sentem representados, como ganham voz.
Quando você compreende o arco trágico de um Magneto, você está participando de um debate de grande profundidade. Mas algo que X-Men '97 alerta é que, para aproveitar todo esse potencial, jamais deve-se ter medo de aprofundar.
X-Men '97 pisa fundo no debate e não tem medo de lidar com situações socialmente desconfortáveis, para fazer de sua trama um reflexo da realidade. E isso pode fazer bem nas telonas.
Na série animada, há desde romance consensual entre um homem de 60 anos e uma jovem de pouco mais de 20, até genocídio negligenciado por autoridades globais. Tudo isso constrói o sucesso que vimos.
Há também a luta por autoaceitação e compreensão familiar, o temor dos opressores em perder parte de seu 'benefício' de oprimir, há o colapso de quem está cansado de perder os seus.. tudo isso caminha na trama.
No entanto, é necessário ressaltar que buscar fidelidade aos quadrinhos não significa que é necessariamente preciso fazer uma cópia do que já foi feito. O mais importante é que a essência seja respeitada.