No último jogo da Série A TIM antes da Data FIFA, a líder Inter de Milão, recebeu o Napoli para um duelo de peso entre as duas equipeis rivais. O jogo acabou empatado em 1×1, com gols de Matteo Darmian, para os donos da casa, e Juan Jesus, zagueiro brasileiro para o Napoli.
Contudo, o nome do experiente defensor brasileiro foi o centro das manchetes após o jogo devido a uma ofensa racista sofrida durante o duelo. Segundo o atleta, o zagueiro italiano da Inter, Acerbi, teria o insultado racialmente, chamando o de negro.
Dessa forma, pouco mais de uma semana após o incidente, nesta quarta (27), o brasileiro voltou a se pronunciar sobre o caso, após Acerbi ter sido absolvido das acusações.
“Li várias vezes e com grande decepção a decisão do juiz desportivo, que considerou não haver provas de que fui vítima de um insulto racista durante o jogo entre Inter e Nápoles, no dia 17 de março. Apesar de respeitar a decisão, é uma decisão que tenho dificuldade em compreender e que me deixa muito amargurada. Sinceramente, estou desanimado com um incidente tão grave em que o meu único erro foi ter lidado com o assunto ‘como um cavalheiro’, decidindo não interromper um jogo importante, com todos os transtornos que teriam causado aos espectadores que assistiam ao jogo. Fiz isso acreditando que tal atitude teria sido respeitada e talvez tomada como exemplo”.
O jogador condenou a decisão pela inocência de Acerbi e afirmou não se sentir protegido pelas leis anti-racistas no futebol italiano.
“Após esta decisão, imagino que qualquer pessoa que se encontre numa situação semelhante à minha agirá de forma muito diferente, a fim de se proteger e de conter a desgraça do racismo, do qual, infelizmente, estamos lutando para nos livrar. ”.
“Não me sinto de forma alguma protegido por uma decisão que ao mesmo tempo admite que “houve certamente provas do insulto” e sustenta não haver certeza de que tenha sido de natureza discriminatória, o que só eu percebi “de boa fé”. Eu realmente não entendo como “vai embora negro, você é só um negro” pode ser considerado certamente ofensivo, mas não discriminatório”.
O jogador ainda falou sobre o episódio e a dimensão atingida por apenas um “insulto”, pontuando as contradições do jogador italiano.
“Não compreendo toda a comoção daquela noite se foi mesmo “apenas um insulto”, pelo qual o próprio Acerbi sentiu necessidade de pedir desculpa, o árbitro decidiu avisar o VAR, o jogo foi suspenso por mais de um minuto e os seus companheiros correu para falar comigo. Não consigo entender por que Acerbi só começou a mudar sua versão dos acontecimentos no dia seguinte, ainda na seleção, em vez de negar logo após a partida, quando realmente aconteceu. Eu não esperava que terminasse assim. Receio – e espero estar errado – que isto possa abrir um precedente sério para justificar determinado comportamento após o acontecimento. Espero sinceramente que este (para mim) triste assunto possa ajudar o mundo do futebol a refletir sobre um assunto que é ao mesmo tempo sério e urgente”.