Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) discutiu os impactos negativos da realização do evento da Stock Car no Mineirão. Presidiu a sessão a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG).
Estiveram presentes diversos representantes dos direitos aos animais, representantes da educação e reitores da UFMG – universidade que fica praticamente do lado do Mineirão.
Críticas ao projeto
Os membros presentes criticaram a “falta de diálogo” com a organização do evento, falhas no projeto, dentre outros pontos (veja abaixo). Parte do traçado da corrida passa do lado do Hospital Veterinário da UFMG, e o barulho dos carros poderia levar dezenas de animais à morte.
Outros argumentos apresentados foram:
- Risco à mobilidade de moradores, pacientes e estudantes que acessam o complexo da UFMG;
- Risco de perda total de experimentos e testes de vacina na Universidade;
- Risco ambiental contra a fauna e flora no entorno do Mineirão;
- O traçado da corrida bloquearia portões de entrada da UFMG e do Hospital Veterinário.
Falta de Diálogo
Segundo relatos dos presentes, não foi apresentado um projeto sonoro para diminuir o som dos veículos da Stock Car, e não se sabe o real impacto ambiental que seria causado.
A Avenida Rei Pelé – que passa por trás do Mineirão – já se encontra fechada para obras de asfaltamento. Também houveram reclamações quanto ao “fechamento abrupto” da via, e o corte de árvores na avenida.
Também foi apontada uma possível “omissão” da Prefeitura de Belo Horizonte, que foi convidada a estar presente na sessão.
Decisões da Audiência
No final da audiência, a deputada Beatriz Cerqueira comunicou alguns encaminhamentos:
- Enviar aos patrocinadores do evento o conteúdo da audiência, e posteriormente um relatório de visita técnica no Hospital Veterinário da UFMG;
- Acionar as promotorias de defesa das pessoas com deficiência e da educação;
- Abrir requerimento interno para os parlamentares que quiserem votar pela mudança do local do evento
Visão do organizador
Em contato com a Versus Esporte em março deste ano, o CEO do “BH Stock Festival”, Sérgio Sette Câmara, já havia se manifestado sobre as opiniões contrárias à realização do evento. Algumas afirmações batem de frente com relatos feitos na audiência da Assembleia.
Diferentemente de outros promotores de eventos, nós tivemos sim o trabalho de ir até a reitoria da universidade, para tentar abrir com ela um diálogo, e oferecemos a colocação gratuita de barreiras acústicas. Temos um estudo que comprova que as barreiras efetivamente funcionam, e que o barulho que chegaria ao hospital veterinário e esses biotérios seria inclusive inferior ao que chega hoje (sem proteção).
Tem muita coisa ali que faz barulho, mas é só com o nosso (barulho) que o pessoal implicou. Não podemos esquecer que estamos num ano eleitoral, e que as pessoas utilizaram desse fato da Stock Car dar muita exposição para poder aparecer politicamente.
É importante dizer que houve a subtração de 63 árvores por parte da PBH para que pudesse adequar a área ao circuito. Em compensação, foi aprovado pelo órgão próprio que é a comissão municipal de meio ambiente, e após isso ela procedeu a subtração dessas árvores, e imediatamente iniciou o plantio da compensação, que no caso da prefeitura seria 688 árvores. E nós, organizadores, oferecemos o plantio de mais 1000 arvores, e já plantamos 63 árvores adultas, exatamente das mesmas espécies que foram subtraídas no entorno do Mineirão. 20 dessas árvores que foram cortadas já estavam com o indicativo de serem derrubadas, ou já estavam morrendo.
Sérgio Sette Câmara, sobre críticas quanto à realização do BH Stock Festival
À época, Sette Câmara também falou sobre a questão ambiental:
“Com relação a esses impactos, nós mitigamos absolutamente tudo, temos todas as autorizações (IEFA, IPHAN, Secretaria de Cultura, todas as licenças), enfim, o evento tá 100% dentro daquilo que determina o figurino e a lei”.
Nossa redação pediu um novo posicionamento do “BH Stock Festival” sobre a audiência pública desta terça (16). A assessoria do festival disse que não se pronunciará neste momento.
Nossa redação pediu um posicionamento à Prefeitura de Belo Horizonte sobre as acusações de “omissão”, mas não obteve retorno até o lançamento da matéria.