Após a polêmica saída do Cruzeiro do Mineirão anunciada ontem (23), pelo Ronaldo Fenômeno, o Secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, concedeu uma coletiva de imprensa para esclarecer o acordo do governo estadual com a Minas Arena.
O Secretário comentou sobre as desavenças entre a gestão da Minas Arena e do Cruzeiro Esporte Clube, devido a utilização do estádio.
“A nossa insatisfação com o contrato é conceitual. A gente quer diminuir os gastos do Estado. Em que pese a gente gostar do Atlético, Cruzeiro e América, eu não entro no mérito da negociação entre Cruzeiro e Minas Arena. Eu não posso emitir uma opinião se o Ronaldo gosta ou não a Minas Arena”, ponderou.
“Agora, o Estado tem a obrigação legal de garantir que o futebol seja jogado no Mineirão. Hoje eu tive um fato novo, que não haverá mais futebol no Mineirão, então eu tenho que agir”, concluiu.
Fernando ainda comentou sobre a possibilidade de negociação direta com os clubes para a utilização do estádio para fins esportivos, como é o caso dos jogos.
“Vou dar um exemplo. O Estado tem o direito de fazer 66 eventos de futebol gratuitos. Se for o caso, metade vai para o Atlético, metade para o Cruzeiro, e o Estado por até participar desse tipo de receita. Mas não posso me manifestar em relação aos interesses comerciais de lado a lado”, explicou.
Caso a cláusula seja acionada pelo Estado, haveria uma negociação comercial com os clubes que queiram atuar no Mineirão.
“Se é gratuito ou não, tenho que perguntar para os meus advogados. Eu não posso fazer caridade com o chapéu do contribuinte. Eu não posso usar o dinheiro de imposto para dar dinheiro aos clubes, mas eu posso usar esses eventos para garantir que tenha futebol lá e eu negocio diretamente com o clube e garanto que isso seja realizado”, disse o secretário.
Por fim, o secretário afirmou que o governo de Minas planeja a instalação de um comitê esportivo com a participação dos clubes da capital mineira para gerir as datas disponíveis no Mineirão.
“A cláusula cinco do anexo oito prevê a instalação do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer. Esse comitê é formado por dois membros do Governo do Estado, pela Minas Arena, pelos presidentes do Atlético, Cruzeiro e América, pela Fifa, CBF e FMF, além de um representante da sociedade civil. A informação de que nenhum dos grandes times da capital vai jogar no Mineirão esse ano fez com que nós tomássemos uma medida como Governo do Estado, no sentido de acionar os mecanismos contratuais existentes para que seja garantido o que o contrato previu, que é a função social, esportiva e de lazer do contrato”, anunciou Marcato em coletiva de imprensa.
Com isso, o comitê receberá a programação dos próximos 12 meses de todas as atividades que serão realizadas no estádio. O objetivo é que o estádio não pare de ter jogos de futebol.
“Do ponto de vista prático, a Minas Arena tem que apresentar o calendário dos próximos 12 meses. Os representantes do comitê vão fazer os questionamentos e dizer quais datas vão precisar, e a concessionária tem a obrigação de explicar por escrito porque a determinada não é factível. Não acionamos esse comitê antes porque acreditávamos que era possível resolver as questões, mas como não é o caso, este é o melhor caminho, pois aí tem o âmbito público, com atas divulgadas, com a participação dos clubes e das federações”, afirmou.
Foto de Mineirão/Divulgação