Com carreira vitoriosa por Grêmio e Cruzeiro, o ex-jogador Edilson revelou uma briga feia com Rogério Ceni em 2019, no Cruzeiro. Em entrevista à Gaúcha Zero Hora, o lateral-direito revelou bastidores dos problemas com o treinador no ano do rebaixamento do Cruzeiro.
“Não me dei muito bem e não me dou até hoje com o Rogério Ceni. Como jogador, foi um dos maiores goleiros da história do Brasil, é o maior ídolo do São Paulo. Tenho um respeito muito grande por tudo o que ele fez pelo futebol, pela trajetória dele, mas na chegada dele ao Cruzeiro, não me dei bem com ele.”, disse o ex-jogador.
De acordo com o lateral, os problemas com o treinador começaram no jogo contra o Internacional, pela volta da semifinal da Copa do Brasil. Na ocasião, o Cruzeiro havia perdido por 1 a 0 na ida, em casa, e precisava reverter o resultado no Beira-Rio – o que não aconteceu e a Raposa perdeu por 3 a 0.
A situação da partida que irritou Edilson foi a opção de Rogério Ceni em deixá-lo no banco para improvisar o volante Jadson, hoje no Juventude. De acordo com o ex-jogador, ele e o técnico haviam se acertado de que Edilson se prepararia com foco nesta partida, após se recuperar de lesão na panturrilha.
“Tive uma lesão na panturrilha. O Orejuela estava jogando, ia ser convocado para a seleção colombiana, e a gente ia ter o jogo de volta contra o Inter. Falei que ia me dedicar na preparação física, que queria ajudar nesse jogo de volta. Demorava um mês para esse jogo. Me preparei. (…) Eu treinei, ele tinha me colocado em dois jogos para dar sequência. Eu estava 100%”, declarou.
Segundo Edilson, a decisão de colocar Jadom só foi exposta a ele no dia do jogo e, após a confirmação, ele não escondeu a insatisfação.
“No almoço, no dia do jogo, ele me chamou: ‘Edilson, pensei aqui, não decidi ainda, mas estou na dúvida entre você e o Jadson. Talvez eu coloque o Jadson’. Falei para ele: ‘Rogério, eu não concordo, mas aceito sua decisão. Sou da posição, experiente, conheço muito o nosso adversário e me preparei para esse jogo’. Chego no lanche, e ele fala: ‘Decidi, Edilson, vou com o Jadson. Eu já tirei a comida e subi, não quis nem mais lanchar. Até a fome passou”, afirmou.
Com a eliminação e a situação difícil no Brasileirão, Edilson afirmou que, como um dos líderes do elenco, tentou uma reconciliação. No entanto, ele não teve sucesso e nem mesmo foi mais relacionado pelo treinador. Ceni acabou demitido 20 dias depois.
“No outro dia, no treino, a gente não conseguia se olhar. Foi uma das piores partes da minha carreira, eu não conseguia olhar para o treinador e nem ele para mim. Acabou o treino e falei que ia resolver. (…) Tentei pela última vez, fui falar com ele: ‘Olha só, estamos na zona de rebaixamento, numa situação ruim, nosso grupo é bom. Aconteceu uma situação em Porto Alegre que, sinceramente, eu não concordo, mas já passou. Vamos seguir, temos que pensar no Cruzeiro e não em nós’. Aí ele falou: ‘Eu não errei lá em Porto Alegre’. Aí eu falei: ‘Acabou, você está certo’. Virei as costas e saí. Depois de lá, ele me deixou de fora das viagens até cair.”, relatou Edilson.
Problema anterior
No entanto, esse não foi o único problema que o treinador teve com o elenco, segundo o ex-jogador. De acordo com Edilson, o desconforto começou após uma declaração de Ceni depois de vencer o Santos na estreia como técnico do time mineiro.
“No primeiro jogo dele, a gente venceu o Santos em casa, por 1 a 0. Com cinco minutos, o Santos teve um expulso, e era obrigação vencer. Ele deu uma coletiva e falou: ‘Meu time está muito velho, vou fazer algumas trocas’. Não tinha necessidade de fazer isso. Ele pode fazer todas as mudanças, mas não precisa expor que o time estava velho, sendo que era o mesmo time que tinha ganhado no ano anterior. O time era muito bom, achei que ele já começou errando ali”, relembra o lateral.
Edilson conta que, após isso, ele e outras lideranças do elenco pediram uma reunião com Ceni, para tentar ajustar as coisas. No entanto, a reunião também terminou sem sucesso.
“No outro dia, pedimos uma reunião, porque ele nos expôs. Fomos eu, Fábio, o Ariel, o Henrique, o Léo, o Egídio, o Robinho, o Fred e o Thiago Neves. Tentamos falar para ele: “Pode fazer todas as mudanças, só não nos expõe como time, porque estamos em uma situação difícil e queremos sair juntos, sem criar mais tumulto no vestiário. (…) O Fred falou: ‘Eu tenho 35 anos, mas tenho 19 gols na temporada. Não é só questão de idade’. Aí o Rogério falou: ‘Calma, calma. Tem 19 gols, mas 15 no Campeonato Mineiro, né?’”, afirma Edilson.