Relembre grandes obras da teledramaturgia dos anos 70
Nos anos 70 não existia a TV por assinatura, a internet e os serviços de streaming. O público para assistir um programa dependia apenas da TV aberta. Se você perdesse um capítulo de uma novela não tinha como rever, teria que torcer para que um dia a trama fosse reprisada. Foi uma década em que a audiência de um folhetim alcançava 100% no Ibope. Literalmente o Brasil parava diante da TV para assistir uma telenovela.
Grandes personagens conquistaram o coração de muitas pessoas. Muitos artistas quando viviam um vilão na TV eram cercados nas ruas por telespectadores indignados com o personagem. Isso porque eles não conseguiam separar o personagem do ator.
A história gira em torno da ascensão econômica e social do personagem Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco). No início da história, ele e o amigo Neco (Flávio Migliaccio) aplicam um golpe na paróquia de Guariba Grande, uma pequena cidade do interior. Mas Neco engana Herculano e foge com o dinheiro roubado, deixando o companheiro nas mãos da polícia. Herculano consegue fugir da cadeia e some da cidade, abandonando a mulher, Doralice (Cleyde Blota), e o filho, Alan (Luiz Carlos Mendonça).
Órfã desde o nascimento, a escravizada branca Isaura (Lucélia Santos) desconhece quem é seu pai. Sabe apenas que a mãe foi uma mucama da fazenda onde agora reside. Isaura sempre foi amparada por Ester (Beatriz Lyra), sua senhora, que a educou como moça da corte. Sua protetora morre logo no início da trama, e o filho, Leôncio (Rubens de Falco), se torna o administrador dos bens da família. Apaixonado por Isaura e furioso por não ser correspondido, ele se apodera de sua carta de alforria, deixada pela mãe, e aplica castigos cruéis à moça. Isaura também sofre com as intrigas de Rosa, uma escravizada má e invejosa.
O despótico latifundiário Pedro Barros (Gilberto Martinho) quer controlar o comércio de diamantes na região e, para isso, corrompe a polícia, compra votos e oprime a população, tendo sob seu comando um grupo de jagunços. Contra seu poder se insurgem João (Tarcísio Meira), Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e Duda (Cláudio Marzo), os irmãos Coragem, filhos de Sebastião (Antônio Vitor) e Sinhana (Zilka Sallaberry).
Adaptação de Dias Gomes de sua peça ‘Odorico, O Bem-Amado’ e ‘Os Mistérios do Amor e da Morte’ (1962), a novela criticava o Brasil do regime militar, satirizando o cotidiano de uma cidade fictícia no litoral baiano e a figura dos chamados coronéis – políticos e fazendeiros que exerciam autoridade sobre a população local e agiam com força, falta de escrúpulos e demagogia para se perpetuar no poder. Foi a primeira telenovela em cores da televisão brasileira.
A novela retratava a vida de Gabriela da Silva (Sônia Braga), simples moça do sertão baiano que fora para Ilhéus para fugir da seca nordestina, com seu tio e mais dois jagunços, sendo que seu tio não resiste e morre no meio do caminho. Moça sofrida, porém muito alegre, seduzia os homens sem querer. Durante a trama, ela se apaixona pelo estrangeiro Nacib (Armando Bógus) que além de ter sido seu patrão em seu bar, o Vesúvio, não aceitava seu comportamento, ora ingênuo, ora loucamente sensual. Gabriela era uma morena brigona e ousada, que andava descalça e com vestidos extremamente curtos, e muito trabalhadora.
Carlão (Francisco Cuoco) é um motorista de táxi que vive um drama de consciência depois que assaltantes de banco em fuga esquecem em seu carro uma mala com o dinheiro roubado. Carlão fica na dúvida e não sabe se a entrega à polícia, correndo o risco de ser acusado de cúmplice do roubo, ou se usa o dinheiro para resolver seus problemas. Ele é noivo de Lucinha (Betty Faria), com quem tem uma relação apaixonada, mas tumultuada por brigas e ciúmes, por conta do seu machismo
Nice (Susana Vieira) é filha adotiva de uma família pobre. Ambiciosa, não se conforma em trabalhar como operária e balconista, sendo sempre despedida por displicência. Ela consegue uma vaga como babá na casa de uma família de classe alta onde seu pai é motorista e passa a cuidar do bebê Edinho, o filho de Stela (Pepita Rodrigues), uma das herdeiras.
Os habitantes do fictício vilarejo de Bole-Bole estão mobilizados em torno de um plebiscito para a troca do nome da cidade para Saramandaia. Duas facções promovem uma intensa campanha. O coronel Zico Rosado (Castro Gonzaga) lidera os “tradicionalistas”, usando justificativas históricas para a conservação do nome original.