Stock Car em BH: Audiência Pública discute impactos negativos da realização do evento

Foto: Duda Bairros/Stock Car
Resumo
Audiência pública realizada nesta terça (16) criticou a realização do evento no entorno do Mineirão

Uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) discutiu os impactos negativos da realização do evento da Stock Car no Mineirão. Presidiu a sessão a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG).

Estiveram presentes diversos representantes dos direitos aos animais, representantes da educação e reitores da UFMG – universidade que fica praticamente do lado do Mineirão.

Críticas ao projeto

Os membros presentes criticaram a “falta de diálogo” com a organização do evento, falhas no projeto, dentre outros pontos (veja abaixo). Parte do traçado da corrida passa do lado do Hospital Veterinário da UFMG, e o barulho dos carros poderia levar dezenas de animais à morte.

Outros argumentos apresentados foram:

  • Risco à mobilidade de moradores, pacientes e estudantes que acessam o complexo da UFMG;
  • Risco de perda total de experimentos e testes de vacina na Universidade;
  • Risco ambiental contra a fauna e flora no entorno do Mineirão;
  • O traçado da corrida bloquearia portões de entrada da UFMG e do Hospital Veterinário.
Traçado da pista de rua do “BH Stock Festival” (Divulgação/BH Stock Festival)

Falta de Diálogo

Segundo relatos dos presentes, não foi apresentado um projeto sonoro para diminuir o som dos veículos da Stock Car, e não se sabe o real impacto ambiental que seria causado.

A Avenida Rei Pelé – que passa por trás do Mineirão – já se encontra fechada para obras de asfaltamento. Também houveram reclamações quanto ao “fechamento abrupto” da via, e o corte de árvores na avenida.

Também foi apontada uma possível “omissão” da Prefeitura de Belo Horizonte, que foi convidada a estar presente na sessão.

Decisões da Audiência

No final da audiência, a deputada Beatriz Cerqueira comunicou alguns encaminhamentos:

  • Enviar aos patrocinadores do evento o conteúdo da audiência, e posteriormente um relatório de visita técnica no Hospital Veterinário da UFMG;
  • Acionar as promotorias de defesa das pessoas com deficiência e da educação;
  • Abrir requerimento interno para os parlamentares que quiserem votar pela mudança do local do evento

Visão do organizador

Em contato com a Versus Esporte em março deste ano, o CEO do “BH Stock Festival”, Sérgio Sette Câmara, já havia se manifestado sobre as opiniões contrárias à realização do evento. Algumas afirmações batem de frente com relatos feitos na audiência da Assembleia.

Diferentemente de outros promotores de eventos, nós tivemos sim o trabalho de ir até a reitoria da universidade, para tentar abrir com ela um diálogo, e oferecemos a colocação gratuita de barreiras acústicas. Temos um estudo que comprova que as barreiras efetivamente funcionam, e que o barulho que chegaria ao hospital veterinário e esses biotérios seria inclusive inferior ao que chega hoje (sem proteção).

Tem muita coisa ali que faz barulho, mas é só com o nosso (barulho) que o pessoal implicou. Não podemos esquecer que estamos num ano eleitoral, e que as pessoas utilizaram desse fato da Stock Car dar muita exposição para poder aparecer politicamente.

É importante dizer que houve a subtração de 63 árvores por parte da PBH para que pudesse adequar a área ao circuito. Em compensação, foi aprovado pelo órgão próprio que é a comissão municipal de meio ambiente, e após isso ela procedeu a subtração dessas árvores, e imediatamente iniciou o plantio da compensação, que no caso da prefeitura seria 688 árvores. E nós, organizadores, oferecemos o plantio de mais 1000 arvores, e já plantamos 63 árvores adultas, exatamente das mesmas espécies que foram subtraídas no entorno do Mineirão. 20 dessas árvores que foram cortadas já estavam com o indicativo de serem derrubadas, ou já estavam morrendo.

Sérgio Sette Câmara, sobre críticas quanto à realização do BH Stock Festival

À época, Sette Câmara também falou sobre a questão ambiental:

“Com relação a esses impactos, nós mitigamos absolutamente tudo, temos todas as autorizações (IEFA, IPHAN, Secretaria de Cultura, todas as licenças), enfim, o evento tá 100% dentro daquilo que determina o figurino e a lei”.

Nossa redação pediu um novo posicionamento do “BH Stock Festival” sobre a audiência pública desta terça (16). A assessoria do festival disse que não se pronunciará neste momento.

Nossa redação pediu um posicionamento à Prefeitura de Belo Horizonte sobre as acusações de “omissão”, mas não obteve retorno até o lançamento da matéria.

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